segunda-feira, 4 de abril de 2011


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A Jaca e a Universidade


                
                                              * Walmir do Carmo

                       Fui certa feita, convidado para fazer um personagem numa montagem teatral promovida entre os muros da UESC. Neste trabalho, eu era o personagem principal e fazia um trabalhador rural.
                      O tema do trabalho era justamente rural. Em sendo rural, logicamente que montamos o trabalho utilizando os seguintes adereços: Panacuns (aquele cesto feito de cipó), facão, foice, podão, coxo para cacau e teve-se a idéia de uma pessoa entrar com uma jaca na cabeça.
                    Aí é que deu o maior problema. Uma professora que prefiro não citar o nome, cujo trabalho era feito com um poema dela para homenageá-la, disse: Uma Jaca entrar no auditório da UESC? Não!  Não é possível uma coisa dessas. Não fica bem. Isto aqui é uma universidade e nós já temos o nome de papa jaca. Já imaginou o que não irão falar?
                    Todos nós envolvidos no trabalho chamamos a professora e explicamos que em sendo o trabalho voltado para a zona rural que a jaca ficaria muito bem.  A jaca tem uma relação muito grande com o trabalhador rural, pois serve de alimento para muita gente.
Não teve jeito. A professora continuava resistente e aí nós decidimos em reunião que se a jaca não entrasse em cena que nós não faríamos o trabalho. Como só faltavam dois dias para a estréia e não tinha como conseguir outro elenco em cima da hora, a professora então resolveu aceitar, mas mesmo assim resmungando.
                 Chegou o dia da apresentação e vem o povo com facão, com podão, com foice, com coxo, com panacuns e adivinha quem vinha poderosa na cabeça de uma personagem? A jaca. Na platéia estava a professora toda emburrada por causa da jaca.
O trabalho foi apresentado, a platéia foi ao delírio e a professora veio depois pedir desculpas pela sua ignorância.
               Nem sempre quem ensina numa instância de curso superior está totalmente com a cabeça aberta para aceitar o novo.
              Lendo um dia desses a polêmica do juiz e do advogado sobre o nome papa jaca, eu me lembrei deste episódio que não poderia deixar de relatar.
Viva a jaca!